Caso Rózsa mostra o lado obscuro de Página 12
Por: Alejandro Peña Esclusa
Novas revelações sobre a execução de três jovens estrangeiros em um hotel de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, mostraram ao público internacional o que muitos argentinos já conheciam: que “Página 12” não é na realidade um diário informativo, senão uma ferramenta de propaganda para destruir seus adversários políticos e para encobrir os crimes perpetrados por seus aliados esquerdistas.
Os fatos são os seguintes:
1. Em 16 de abril de 2009, um corpo de elite da polícia boliviana irrompeu no Hotel Las Américas, localizado em Santa Cruz, e assassinou Eduardo Rózsa-Flores (húngaro-boliviano), Árpád Magyarosi, (húngaro-romeno) e Michael Martin Dwyer (irlandês).
2. O governo justificou a ação alegando que os três jovens planejavam um atentado contra o presidente Evo Morales, e que formavam parte de um complô para desmembrar o estado de Santa Cruz do território boliviano. Segundo o oficialismo, a polícia viu-se obrigada a matá-los porque os jovens haviam oferecido resistência. Imediatamente depois, o governo iniciou uma incursão contra a oposição cruzenha, argumentando que muitos líderes autonomistas estavam envolvidos em tal complô.
3. Em abril e maio, o diário “Página 12” publicou três reportagens acusando os “cara pintadas” argentinos de formar parte da conspiração, porém muito particularmente o ex-major de Cavalaria Jorge Pedro Mones Ruíz, sobre quem empreendeu uma feroz campanha de desprestígio e de criminalização. “Página 12” chegou a dizer, sem apresentar prova alguma, que Mones Ruíz havia se reunido do Rózsa.
4 As especulações maliciosas de “Página 12” foram tomadas como verdades incontestáveis pelas agências de notícias oficiais da Bolívia, de Cuba e da Venezuela, e de imediato foram convertidas em cabos, difundidas pelo mundo inteiro.
5. Para dar credibilidade a suas acusações, “Página 12” aproveitou que em março de 2009 Mones Ruíz se encontrava em Santa Cruz, participando de uma investigação independente sobre o chamado massacre de Pando (Bolívia, setembro de 2008), realizada pela União de Organizações Democráticas da América, UnoAmérica.
6. O informe elaborado por UnoAmérica demonstra a culpabilidade do governo boliviano em tal massacre, pelo que, em junho de 2009, UnoAmérica acusou Evo Morales ante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) por delitos de lesa-humanidade, devido à sua responsabilidade nos atos de violência suscitados em Pando.
7. Em meados de outubro deste ano transcendeu um informe forense realizado por peritos húngaros, onde se comprova que Árpád Magyarosi não ofereceu qualquer resistência naquele fatídico 16 de abril, senão que foi ultimado a sangue frio e que o deixaram morrer sangrando.
8. Novas revelações, que aparecem diariamente nos meios de comunicação bolivianos, demonstram os vínculos dos três jovens estrangeiros com os serviços de inteligência e com setores do oficialismo da Bolívia. Segundo essas revelações, o governo os teria utilizado como bucha de canhão para realizar uma montagem contra a oposição cruzenha.
9. O escândalo provocado pelo “caso Rózsa”, como se conhece, também foi utilizado para encobrir a responsabilidade de Evo Morales, do vice-presidente Álvaro García Linera e do Ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, no massacre de Pando.
10. Evidentemente, as “reportagens” de “Página 12” contra Mones Ruíz e, portanto, contra a investigação realizada por UnoAmérica, foram dirigidas para encobrir a realidade do terrível massacre de Pando, e para dar credibilidade à versão oficial sobre o suposto complô secessionista de Rózsa.
11. Em dezembro de 2008, o ex-guerrilheiro argentino Rodolfo Mattarollo, amigo e aliado dos diretores de “Página 12”, apresentou os resultados de uma investigação – encarregada pela UNASUL – sobre o massacre de Pando, onde exonera de toda a culpa o governo boliviano e responsabiliza a oposição pelos atos de violência. As reportagens de “Página 12” tinham também como objetivo avalizar o Informe Mattarollo, o qual continha graves omissões, falsidades e distorções.
“Página 12” se comporta como os meios oficialistas venezuelanos, entre eles VEA e Venezuelana de Televisão (VTV), que não servem para informar senão para sustentar o regime totalitário de Hugo Chávez; por isso, as leis que reprimem e censuram os meios de comunicação independentes na Venezuela não se aplicam a eles.
Seguramente a manobra do governo de Kirchner para controlar e limitar a liberdade de expressão na Argentina não terá efeito sobre “Página 12”, que continuará mentindo, caluniando, difamando e desinformando, ante o olhar cúmplice do oficialismo. Porém, isso nem sempre será assim e – do mesmo modo que ocorre hoje com o caso Rózsa – cedo ou tarde a verdade sairá à luz e a justiça se imporá.
Tradução: Graça Salgueiro