Dois caminhos para a oposição boliviana
Por: Alejandro Peña Esclusa
O Fiscal Geral da Bolívia, Eduardo Morales, anunciou ontem que acusará o candidato a vice-presidente, Leopoldo Fernández, por “terrorismo, homicídio, lesões graves, assassinato e associação delituosa”, devido à sua possível responsabilidade no massacre de Pando. Evidentemente, o governo boliviano quer inabilitar Fernández, tal como Chávez fez no ano passado com centenas de opositores.
Frente a esta situação, as lideranças democráticas bolivianas têm duas alternativas: tratar Evo Morales como um presidente legítimo, do mesmo modo como fazem os opositores venezuelanos com Chávez, ou lutar para libertar seu país de uma tirania castro-comunista, imitando o exemplo dos hondurenhos.
Se optam pelo segundo caminho, há três elementos que poderiam ser-lhes de grande utilidade:
Primeiro: o informe sobre Pando – apresentado por UnoAmérica ante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) – que prova a clara culpabilidade do Alto Governo nos assassinatos perpetrados nas localidades de El Porvenir e Cobija (setembro de 2008). Tratou-se de uma agressão planejada com o objetivo de encarcerar os opositores e de tomar o controle do estado de Pando.
Segundo: as novas evidências – apresentadas na semana passada por uma equipe de peritos húngaros – as quais demonstram que as mortes de Eduardo Rózsa, Arpád Magyarosi e Martin Dwyer no Hotel Las Américas (abril de 2009), foram execuções a sangue frio, ordenadas pelo governo. Os objetivos desta operação foram responsabilizar os autornomistas de um golpe separatista e justificar uma incursão contra a oposição cruzenha.
E terceiro: os indícios, cada vez mais preocupantes, sobre os planos do governo para levar a cabo uma fraude eleitoral em grande escala, baseada na tergiversação do padrão eleitoral e na incorporação de milhões de votos-fantasma. Tudo com o apoio de técnicos cubanos e venezuelanos.
Para Evo Morales, as próximas eleições constituem uma farsa. A única coisa que lhe interessa é se legitimar, para depois radicalizar sua posição e iniciar uma feroz perseguição – definitiva e final – contra todos os adversários.
As lideranças democráticas bolivianas devem se mexer com rapidez, posto que já se difundiu uma pesquisa de opinião nacional e internacional – em minha opinião, financiada com petrodólares venezuelanos – segundo a qual, Evo Morales é o seguro ganhador das eleições presidenciais de dezembro.
Confio em que a triste experiência venezuelana lhes sirva, ao menos, para não cometer os mesmos erros. E espero que o valioso testemunho dos hondurenhos os ajude a impedir que se consolide uma tirania na Bolívia.
Tradução: Graça Salgueiro