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O cárcere como mecanismo de libertação

18 julio 2010

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Desde há dois anos tenho estado esperando meu encarceramento, devido ao trabalho tão efetivo que venho realizando contra o Senhor Chávez e seus aliados do Foro de São Paulo.  Nos próximos dias e semanas, se irá divulgando o alcance de tal trabalho.

Amigos e conhecidos, e inclusive meus companheiros de UnoAmérica em todo o continente, insistiram comigo em que devia sair da Venezuela e trabalhar desde fora. “No exterior você poderá ser mais útil à causa; na prisão estará anulado”, me diziam.

Entretanto, eu lhes respondia: “A Venezuela necessita de líderes dispostos a se sacrificar por sua pátria. Há tanto desencanto, tanto descrédito, que devemos proporcionar ao país dirigentes que dêem testemunho de seu amor pela Venezuela. É a única forma de levantar o moral do povo”, disse-lhes.

Também reiterei a meus companheiros que esta luta não é só política, senão primordialmente espiritual. Um modelo materialista e ateu não se vence com receitas políticas, senão com valores e princípios transcendentes, encarnados em líderes que, com seu exemplo, infundam otimismo e esperança.

Foi João Paulo II quem derrotou o comunismo na Polônia e não a atuação política, embora a colaboração do Solidarnost tenha sido fundamental. Aqui aproveito para ressaltar que Fuerza Solidaria, a organização que presido, é inspirada naquela mesma luta, daí seu nome.

Pelo que foi dito anteriormente, meu encarceramento não só poderia contribuir para a libertação da Venezuela das garras do Castro-comunismo, senão que paradoxalmente, também me ajuda a libertar-me a mim mesmo.

Sinto que minha vida cobra um significado especial porque não vivo para meu próprio benefício, senão para uma causa que é superior a mim.

Se com o cárcere meus adversários pensavam em me manter prisioneiro, conseguiram justamente o contrário: libertaram sentimentos e emoções indescritíveis, daquelas que inflam o coração de amor pela pátria.

Aos meus queridos compatriotas lhes reitero:

Não tenham medo! Ânimo, tenham esperança!

Alejandro Peña Esclusa

Desde o Irmão Cárcere
Caracas, 17 de julho de 2010.

Tradução: Graça Salgueiro