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Carta de Peña Esclusa pedindo a renúncia de Hugo Chávez

3 febrero 2010

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Alejandro Peña Esclusa

Alejandro Peña Esclusa

Cidadão Hugo Chávez Frias
Palácio de Miraflores
Caracas

Depois de onze anos de governo, é óbvio que seu projeto fracassou, porque o Sr. só se ocupou de promover sua “revolução socialista”, esquecendo-se dos verdadeiros problemas que afetam nossa nação.

O Sr. administrou a maior fortuna da nossa história e, entretanto, a Venezuela está empobrecida, dividida, paralisada e à beira de um colapso energético, sanitário e alimentar.

Durante sua gestão a anarquia e a insegurança transbordaram. Existem máfias do crime e do narcotráfico que operam com grande poder e impunidade. Dentro de uns quantos meses serão mais poderosas que o Estado mesmo, se é que já não são.

As nações civilizadas o consideram um perigo hemisférico, porque o Sr. só cultivou relações com Cuba, Irã, o fundamentalismo islâmico e as FARC, o principal cartel da cocaína da América, enquanto ofende e agride nossos amigos e aliados tradicionais.

O Sr. atua de maneira arbitrária, prepotente e desequilibrada. Sem dúvida, o Sr. já não é capaz de perceber a realidade. Em meio de sua fantasia, o Sr. acredita representar o ideário de Simón Bolívar, quando na realidade encarna o pensamento de José Tomás Boves, fomentando o ódio e o enfrentamento entre classes sociais. Se estivesse vivo, O Libertador teria tratado o Sr. como um traidor, por entregar vilmente nossa Pátria e nossas Forças Armadas aos cubanos.

Garra de hierro

Cuerpos de seguridad del estado reprimen a estudiantes con la "Garra de hierro"

O Sr. perdeu o respaldo popular e nos últimos anos manteve-se no poder somente pela propaganda, pela compra de consciências, pelo terror e pelo fechamento dos meios de comunicação. Porém, agora será pior: para manter-se aferrado a seu cargo, terá que massacrar o mais precioso que temos, nossos jovens estudantes.

O Sr. encerrou toda a possibilidade de um desenlace pacífico e eleitoral à crise que o Sr. mesmo criou, porque seqüestrou os poderes públicos, especialmente o Conselho Nacional Eleitoral, que comete fraude de maneira aberta e descarada.

Seus colaboradores mais próximos não se atrevem a lhe dizer a verdade porque o temem, devido à sua personalidade caprichosa e irascível. Os dirigentes opositores também sentem medo, porque uma palavra sua significa o cárcere ou o exílio.

Como conseqüência de tudo o que foi dito acima, se avizinha uma gravíssima confrontação social – precedida pelo colapso do sistema elétrico nacional – que devorará o Sr. primeiro e depois a milhares de venezuelanos inocentes.

Ainda há tempo de impedir a tragédia, porém isso requer que o Sr. renuncie e ative os mecanismos contemplados na Constituição para uma sucessão presidencial.

Diferenças abismais nos separam, porém minha luta contra o Sr. não é pessoal. Tenho sido um férreo opositor seu, porém nunca ofendi sua dignidade, nem lhe manifestei ódio algum, apesar de suas calúnias e ofensas. Vejo-me obrigado a solicitar sua renúncia porque sua permanência no poder só trará grandes calamidades e, como resultado, o Sr. abandonará a Presidência de qualquer maneira, porém em circunstâncias muito piores para o país e para o Sr. mesmo.

Se houvesse me escutado em dezembro de 2001, quando pedi sua renúncia pela primeira vez, o Sr. haveria poupado grandes sofrimentos aos venezuelanos e teria ido com a fronte erguida, o qual, a estas alturas, já é impossível. Entretanto, se o Sr. renunciar agora, ao menos não será lembrado como o causador de uma grande tragédia nacional.

Alejandro Peña Esclusa
Presidente de Fuerza Solidaria
ape@fuerzasolidaria.org

Tradução: Graça Salgueiro